Como vivíamos
antes de 1945?
Esta é uma crônica que li a
tempos na internet. Achei interessante. Apesar de que em vez de 1945 eu diria
que boa parte poderia ir até 1955. Eu vivi muito disto, uma época diferente,
gostosa, simples, sem afetação e sem medo. Sem contar o sem dinheiro. Bem deixa
o cronista falar mais sobre a época e que época! Linda demais.
- Eis uma pergunta interessante Muitos jovens ao ouvirem esta crônica vão argumentar: - “Ora, vim da mesma maneira que viveram nossos antepassados”. Será mesmo? Tudo bem, o raciocínio está certo. Entretanto vejamos como era a existência antes dos inúmeros eventos que surgiram nestes 70 anos e sem as mordomias científicas de hoje. Nós nascemos antes da televisão, antes da penicilina, da vacina Sabin, da comida congelada, da fralda descartável, do Xerox, do plástico, das lentes de contato e da pílula. Nós nascemos antes do radar, do cartão de crédito, fissão de átomos, raio lazer e canetas esferográficas. Antes da máquina de lavar pratos, cobertores elétricos e ar condicionado.
Nós nascemos antes dos direitos humanos, da mulher que trabalha fora de casa, da terapia de grupo, dos SPAS e dos Flats. Nós nunca tínhamos ouvido falar em vídeo cassete, computadores, vídeo games, “danoninhos” e rapazes de brinco e tatuados. Nós nascemos antes dos antibióticos, dos transplantes de coração e do Viagra. Todavia, mesmo sem este remédio a população decuplicou. Era uma época de famílias numerosas, oito a doze filhos... As moradas só possuíam um banheiro e é fácil de imaginar a fila de espera pela manhã. Casávamo-nos primeiro e só depois morávamos juntos. O casamento não era descartável. Os casais viviam junto durante muitos anos e acreditem, com os mesmos parceiros!
Gente estranha não? Sexo era tabu.
Motel? Tornar-se-ia apelido pejorativo de Hotel. Éramos tão inocentes que
acreditávamos na existência de Papai Noel... E que a cegonha era mãe de todos
os bebês. Nos nossos dias fumavam-se cigarros livremente. Erva era usada para
fazer chá, coca era refrigerante, pó era sujeira, Biquíni era uma ilha do
Pacífico e sacanagem era palavrão. Embalo era como se fazia para crianças ir
dormir, Lambada era chicotada. Fio dental servia para higiene bucal e malhar
era coisa de ferreiro. Nós fomos à última geração tão boba, a ponto de que se
precisava de um marido para ter um bebê. Além disto, éramos tão ingênuos que
cedíamos lugar para uma senhora sentar na condução, abríamos portas para os
mais velhos e pagávamos a despesa quando saíamos com a namorada.
A geração de hoje, talvez olhe para
nós com cara de espanto, tentando saber como sobrevivíamos com tão poucos
recursos e manias estranhas e esquisitas... Bem, nós nos contentávamos com o
que tínhamos. Tínhamos o bonde e as praias despoluídas. Quando não era possível
ir à Miami, fazíamos passeios à Ilha de Paquetá, Petrópolis, Santos ou Guarujá.
Tínhamos as brincadeiras de rua, os bailes de formatura, as novelas da Rádio
Nacional. Curtíamos o delicioso namoro no portão, com todo respeito. E as
favelas eram apenas temas de belas músicas. Também fazíamos passeios ao Joá, e
ao Pico do Jaraguá ou na Barra que era então um grande areal. Existiam muitos
terrenos baldios, onde a garotada se divertia e jogava pelada. E o mais
importante, andávamos pelas ruas sem medo de assalto ou sequestro.
Parece muito pouco, quase nada comparado com a trepidante época atual. Mas éramos felizes, inocentes, românticos e sem a terrível competição de hoje. Não é de espantar que estejamos hoje confusos e haja tamanha lacuna entre as gerações.
Mas nós vivíamos! Sim, nós vivíamos e continuaremos a viver, apesar das próximas invenções. Henrique Nigri/autor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário