Um dia de felicidade.
Já estou indo dormir. Precisava escrever um boa noite como faço sempre
para aqueles que me querem bem. Mas escrever o que? Minha mente procurou no
passado e no presente e foi então que me lembrei de hoje à tarde. Ela tricotava
na varanda da casa absorta em seus pensamentos. Onde ela estava àquela hora? Eu
também ali sentado a olhava com aquele carinho de quem ama e sabe ser amado.
Tentei penetrar na sua mente. Impossível. Atravessei como o vento a escala do
tempo me lembrando de tudo que vivemos juntos. Brincamos de escoteiros,
passeamos nas estradas do nosso país, engolimos cidades e vilas, quantas vezes
de mãos dadas andamos pelas praias que visitamos a espera de um por do sol?
Quase sete anos namorando. Hora de casar. Pedi sua mão em casamento e ela
sorriu. No sábado seguinte enfrentar a “fera” minha linda sogra que se tornou
uma amiga para sempre.
Casamos nos conformes, nem nos tocar nós podemos. Minha sogra ali a
olhar e dizer: deixem para quando chegar a hora na casa de vocês. Hã quantas
historias para contar. Quantas dificuldades, quantas alegrias quantas viagens e
mudanças à procura de um emprego melhor. Quase 51 anos de casados. Aprendi a
respeitar e amar muito esta minha mulher. Uma vida juntos, uma família criamos
e agora ela com seus sessenta e oito e eu com meus setenta e quatro sem
perceber envelhecemos, mas entre eu e ela somos como dois jovens amantes que
sabem que nosso amor é eterno. Eu a olhei de novo. Será que faremos setenta
anos de casados? Bodas de diamante? Acho que não. Não viverei tanto, mas lá na
minha estrela cadente, vou aguardar a chegada dela. Quando tudo começou eu não
sei, mas sei que nunca vai terminar. Ela levantou a cabeça e sorriu para mim. O
que foi marido? – Sorri sem graça. Não disse nada, mas em pensamentos eu lhe
disse: Te amo, não posso viver sem você!
Boa noite!
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