EM ALGUM LUGAR DO PASSADO

EM ALGUM LUGAR DO PASSADO
Celia, 49 anos de felicidade. Não sei viver sem ela

quarta-feira, 22 de junho de 2016

As coisas boas que não tem preço.


As coisas boas que não tem preço.

                  Não tem. Posso afirmar com conhecimento de causa. Hoje tirei o dia para lembrar-se do meu casamento. Foi diferente? Acho que não. Igual a tantos outros, mas o casamento no civil foi demais. Meu dinheiro do mês acabou. Como pagar o Juiz de Paz? Apelei para um amigo e ele também não tinha. Na porta do cartório não sabia o que fazer. Ele entrou no cartório e veio com o dinheiro contado para pagar. – Quem lhe emprestou? – Ele riu. Melhor não saber. Eu o conhecia, pois era pai de um Escoteiro do Grupo onde era Chefe. Cumprimentou-me e iniciou a rotina de praxe do casamento no civil. Terminado o paguei com duas notas de cem cruzeiros novos. Ele pegou as duas notas olhou me olhou, olhou para meu amigo, mas sorriu leve e não disse nada. Tinha reconhecido as notas que saíram de seu bolso! Acredite, no pagamento fiz questão de ir lá ao cartório e dizer para ele o que aconteceu. Tem juros? Ele riu e nada disse. Meu amigo recebeu e logo o pagou. Boas lembranças!

                     Eu e Célia viajamos de madrugada para Melo Viana distrito de Coronel Fabriciano onde morava. Tinha um ônibus daqueles antigão, mas o Jovelino do Taxi me disse que me levaria e eu poderia pagar no pagamento. Puxa! As dividas avolumavam. Aceitei, pois tinha quatro malas e difícil levar no ônibus. Hoje tirei o dia para lembrar-se da casinha alugada. Eu a pintei de branco. Estava desbotada. Não tinha cerca e um enorme quintal e bem lá nos fundos ficava a Privada feita de Sapé. Um buraco no chão e madeira para pisar. Dois cômodos. Um quarto e uma cozinha que servia de sala. Sala? Uma cristaleira, uma mesa e caixotes para sentar. Nos primeiros meses fogão a lenha e seis meses depois com muito custo comprei um fogão a gás. E o gás? Dois meses um caminhão passava. Muitas vezes o fogão a lenha quebrava o galho.

                    Era bom demais ter minha casinha, minha esposa, amigos e trabalhar. Sim na Usiminas de turnos alternado. Uma semana à noite, outra a tarde e outra de manhã. Na famosa folga de Oitenta! Não sabem? Oitenta horas, demorava-se quatro semanas para chegar nela, as demais eram 24 e 36 horas. Célia enfrentou tudo com um sorriso nos lábios. Gostávamos da nossa casinha pintada de branco e alugada. Tínhamos quatro caixotes que serviam de cadeiras. Não se esquecer do meu radio de ondas curtas. As tardes ou as noites quando estava em casa ouvir a Radio Mayrink Veiga ou a Radio Nacional. – Adorava quando aos sábados anunciavam: - E ai vem! Hoje é dia de Rock! E Roberto Carlos chegava para comandar. Ah! Velhos tempos, tempos que a gente não esquece mais.


                      Mas um dia a vida me levou para outras plagas. A Usina me mandou embora. Quatro anos, um filho recém-nascido e lá fui eu parar em Vitória. Porto de Tubarão. Apanhei de escorrer sangue para conseguir uma vaga. Foi sorte? Foi o Destino? Um dia conto como foi. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário